Ei, psiu!? A máscara de bom moço, caiu!

Há dias se perguntava, por que sumiu? Se ainda tivessem ficado juntos, diria: Sumiu porque conseguiu. Mas nada! Nem sequer se conheceram pessoalmente. Pra ser sincera, pelo blá, blá, blá de seriedade virtual, de compromisso, casualidade com ele, era a última coisa que lhe passaria pela cabeça.
Tantos papos depois, encontros marcados, alguns, por ela reagendados; outros, por ele, ignorados, silenciados, só desencontros…E droga! A ideia nem fora dela! Estava no seu cantinho. Pra que cutucar?
Agora, abduzido sem pistas: Offline no Msn, desapareceu do Facebook, sumiu do mapa. Depois de ter furado mais um encontro que fez questão de marcar, depois de jurar que adiantaria o trabalho da semana, pegaria a estrada e viria vê-la, depois fazê-la mudar a agenda…era pra ficar curiosa, não? Pra ela então, que tinha curiosidade por sobrenome, uma afronta!
Mas eis que o “acaso” conspira em seu favor. E o encontra em um carro estacionado trancando a saída do dela, na porta de uma delicatessen, às cinco e meia da tarde de uma quinta feira. Esperando alguém que provavelmente estava lá no interior da padaria. Quem seria? A esposa talvez? Uma namorada?
De repente, zilhões de perguntas: No meio da tarde? De uma quinta feira? Mas não era ele que trabalhava em outra cidade? Esperando alguém que fazia compras? Mas não era ele o pai honrado, que criava sozinho, seu filho, abandonado pela mãe, com a ajuda exclusiva da avó idosa e doente? De bermuda? Mas não era ele que vivia de terno e gravata, mesmo nas tardes quentes de verão de uma cidade litorânea?
De repente, não mais que de repente, quando os olhares cruzaram. Seu carro estava bloqueando o dela. Ela ia sorrir, pedir pra tirar… Mas peraí?!, disse seu olhar, Eu te conheço!… Eu sei, é verdade… Desculpa! respondeu o olhar dele, baixando ridiculamente. Foi um engano. Ela ergueu seu olhar. Entrou em seu carro. Aguardou que ele tirasse o carro do fundo do seu. Evitou olhar pra trás, para não aumentar o constrangimento dele… Saiu dali o mais rápido possível. Foi um engano! E tudo se esclareceu.
Mas o olhar dele, depois de menear a cabeça reconhecendo-a da foto, baixando para recolher os fragmentos da mascara que caíra e estava espatifada no assoalho do carro… Essa imagem, em silêncio, lhe deu todas as respostas.
Infelizmente, essa é a imagem que guardaria dele. Essa é a imagem que eu não esqueceria. Tinha a mania boba de não guardar a primeira impressão das pessoas. Sempre lhes dava uma segunda, terceira, quarta oportunidades de deixar boa impressão. Preferia guardar a ultima impressão. Essa é a que fica. Achava, agora, que precisava rever seus conceitos. Essa coisa de deixar as pessoas se mostrarem não tem lhes favorecido. Uma pena!
Por Cris V.

O cara certo pra você

Esperando o cara que Roberto Carlos descreve na música…morreu seca. Ele não chegou. Ele não existe. Ela escolheu demais. Será?
Outro dia, postei em meu perfil no Face, a foto acima. E os comentários foram de concordância. Parece uníssono a afirmação de que “esse cara” não existe. Encontrá-lo, seria um milagre. E, por conseguinte, de que devemos nos contentar com os exemplares de que dispomos no mercado, em sua maioria ogros, infiéis, cafas, pobres de caráter, ou conteúdo. Sem “escolher demais”. E passar o resto da vida equilibrando as galhas, aturando bêbado chato, ou apanhando dia sim, no outro também, sem questionar. Pelo contrário, sendo grata a Nossa Senhora das encalhadas por ter um homem ao seu lado.
Acredito que o mar não está pra peixe. Há muita mulher solteira no momento. Muitas mulheres cada vez mais belas, saradas, independentes, inteligentes, interessantes e disponíveis. Disponíveis até demais. Mas elas também não estão se dando bem. A cada balada, noitada, festinha, pescaria, sua rede vem mais cheias de piabas. Onde estão os cardumes de Atum, Salmão, Vermelho, Namorado? Será que não existem mais?
É verdade. Estamos muito carentes. Eu diria que a mulherada está tão carente que ouvi recentemente de uma amiga que “guerra é guerra”(?); de outra, que “não existe mais essa coisa de meu tipo de homem”(?). Muito bem. Estamos matando cachorro a psiu! Não me admira que Cinqüenta tons de cinza seja sucesso de vendas. Ou que a música de Roberto nos faça suspirar. O homem que descrevem as duas obras artísticas são lendas urbanas, verdadeiros milagres. São os musos idealizados dos tempos modernos.
Eu disse “musos”! Olha a inversão de valores. Antigamente, as musas eram idealizadas. Os homens as disputavam, todos queriam ser os melhores cavalheiros, para merecê-las. Conseguir uma mulher era difícil. O cara tinha que se destacar, se esforçar, matar um leão por dia (vide pre-história).  Uma MULHER, então, custava dotes caríssimos. Era preciso cuidar dela, cortejá-la, protegê-la, conquistá-la. Hoje, a coisa está tão desesperadora, ou desesperada, sei lá; que os homens perderam o seu papel de cavalheiros, de protetores, de provedores, de heróis, lutadores. Estão eles no papel de caçados.
Não admira que achem que temos que nos contentar com qualquer coisa. Mas sabe do que mais? Eu não concordo! Mania essa minha de discordar! Eu acho que o cara descrito por Roberto existe sim, mas não para todas. Como tudo na vida. As oportunidades estão aí. Mas não para todo mundo.
Dizer que o cara não existe, é o mesmo que afirmar que o prêmio da mega sena não existe só porque eu, nem ninguém que eu conheço ganhou. Generalização. Ingenuidade. Ele existe sim. É aquele cara que curte nossas postagens, que sempre presta atenção na nossa roupa, na nossa nova foto de perfil. É o cara que lê nossos status, que se preocupa em dar um bom dia, em saber se estamos bem. O cara descrito na música é o cara que se interessou por você. Infelizmente, ele também é aquele que não nos desperta o sex appeal, porque inconscientemente achamos os lobos maus mais interessantes. Os cafajestes, os inconquistáveis, egoístas, distantes, insensíveis, os problemáticos, os difíceis, que sem duvida, vão acabar derramando algumas lágrimas, esses são os caras que nós escolhemos para ter por perto. Por outro lado, como esses são os preferidos, não sentem qualquer necessidade de se tornar um daqueles cavalheiros que fazem de tudo por sua mulher. Pra que mexer em time que está ganhando?
Por fim, caras parceiras, não acho que se portar movidas apenas pelo sex appeal, pela carência, ou pelo comodismo, vá nos levar a encontrar aquele cara descrito na música. Acredito, isso sim que não temos que nos contentar com o que aparece. Não temos nada a perder. Mesmo ficando sozinhas. Há certas companhias que realmente não valem o sacrifício de uma escova sequer. E, vamos lá, ficar sozinha não é o fim do mundo. Afinal, não é assim que você vai estar amanhã, depois de ser usada por aquele cafa egoísta? Depois de ter virado estatística, história, conquista, troféu?? Depois de tudo…Sozinha? Entendeu, ou quer que eu desenhe? Não, não temos que aturar qualquer coisa, como se não tivéssemos opção. Ficar em casa sozinha é uma opção. Sair com as amigas, também é. Visitar um amigo doente, plantar uma flor, ler um livro, jogar uma partida de tênis, malhar até cair. Qualquer coisa que não roube a sua dignidade no dia seguinte.
Em minha opinião, temos é que pensar mais nossas escolhas. E deixar sim, a cadeira vazia. Quem sabe tudo o que aquele cara que ama você do seu jeito espera, seja justamente uma oportunidade de encontrá-la sozinha e tranquila, para se aproximar. Sem tanta balada, sem tanta maquiagem, sem tanta agitação…
Até para receber presentes do Papai Noel, era preciso que acreditássemos nele. E vamos combinar, o Natal tinha outro sabor, quando a gente acreditava. Se queremos que o milagre aconteça, precisamos ao menos ter fé de que milagres acontecem de vez em quando e de que somos dignas de um milagre. Esperar, faz parte do milagre. Ainda que ele não chegue para nós, correr atrás não vai fazer acontecer.
Por Cris V.

À distância

A distância… sempre ela. Temperando, criando, postergando, esperando, ansiando. Sempre ela enxertando gerúndios em meus verbos, indefinidamente… Quero infinitivos e não infinitos. E quero já!
Infinitivo pessoal, de preferência!
À distância, minha companheira mais usual, os meus respeitos.
Obrigada pela companhia constante!
Por Cris V.

Da série: Poesia adolescente – Saudade, poesia singular

Partiu
E com você,
Partiram meus olhos.
Olhos de lamúria,
Olhos encharcados
Da sede que você deixou.
Olhos extasiados,
Tristes, deslumbrados,
Arrasados e profundamente solitários.

Se foi,
E por você derramei lágrimas,
Lágrimas de amor,
Sentidas,
Choradas,
Extraídas de um coração
Dilacerado, bipartido.

Ainda assim, se foi.
Ainda assim, não voltou.
Para mim, parece que foi único.
Pra você, por pouco, fui mais que nada.

Por Cris V. (Adolescente, 1988)

Da série: Poesia adolescente – Cárcere

Cárcere meu,

Meu cárcere!
Punhado de vida,
Em mãos de aço.
Luta sem fim,
Amargo laço.
Cárcere frio e forte,
Aprisionas quente e frágil coração .
Cárcere, por todo o amor que existe,
Sede sensato para crer,
Tens em gaiola de ouro,
Um pássaro triste,
Que encarcerado, cansou de viver.
Deixai ir, voar, o pássaro triste,
Para que a alegria não se perca
De todo no passado.
Cárcere,
És de palavras e ar,
E ainda resistes,
Pois falta coragem ao pássaro triste,
Para romper teu cercado.
Cárcere, por favor, me responda,
Que duras penas tenho que cumprir?
Pago por querer amar e ser feliz apenas?
Pois então digo-lhe, Cárcere:
Nas costas, carrego penas muito pesadas:
As que me outorgaste.
E outras tantas, muito leves,
Das asas de um pássaro triste,
Que só queria amar.
Tenho porém, algo a discordar da minha sentença.
Ainda não me podes condenar,
Pois pássaro triste, Cárcere,
Mesmo em gaiola de ouro,
Não vê motivos para cantar.
Por Cris V. (Adolescente, 1986)

O que dizem por aí

Dizem que mulher gosta é de dinheiro.
Dizem que mulher gosta é de coisa cara.
Dizem que mulher se arruma para outra mulher.
Dizem que mulher é bicho vingativo.
Dizem que mulher sempre tem que perder dois quilos.
Dizem que mulher dirige muito devagar.
Dizem que mulher não gosta de futebol.
Dizem que mulher gosta de ser dependente.
Dizem que mulher não sai de casa se a maquiagem, o cabelo e as unhas não estiverem absolutamente impecáveis.
Dizem que mulher adora salão de beleza.
Dizem que mulher adora fofoca.
Dizem que mulher gosta de cafajeste.
Dizem que mulher adora que paguem suas contas.
Dizem que toda mulher quer casar.

Eu me pergunto: Será que quem diz, não sabe mesmo o que diz?
Ou pior: Meu Deus! Será que eu não sou mulher?

Por Cris Vaccarezza

Introdução à série poesia adolescente: Uma sonhadora romântica

Era assim, aos 12, 13, 14… até a beira dos 23 anos, era ainda assim. Uma sonhadora romântica. Redundância? Não pra ela. Vivia em um mundo cor de rosa, só seu. Chocada no calor do ninho, por tempo demais, era virgem de sociabilidade. Seu quociente emocional, contrastava imensamente com o intelectual. Era o que poderia se considerar a grosso modo, uma boba. Ainda assim, se mantinha viva. Sobrevivera onde alguns sucumbiriam. Vencera loooonga metamorfose.
Fora fruto de um sério conflito de gerações. Fora fruto da ditadura. Suas ideias juvenis, eram consideradas subversivas pela educação da época e então, rechaçadas. E como todo dissidente, fora exilada.
Do exílio do seu quarto, através das janelas, contemplava um mundo do qual se sentia distante.
Expressar-se com palavras, poderia ferir, machucar, ofender, melindrar. Prolongar ainda mais o exílio. Então, sabiamente ou covardemente, mantinha a boca calada. Se haviam livros, que viajasse neles. Se haviam cadernos, que neles extravasasse as palavras tolhidas. Sem ferir mais ninguém. Eram um segredo. E eles, mudos,cúmplices, guardariam segredo.
E assim vinham, não se sabe de que recôndito de sua mente, ou de seu coração, canções de exílio. Todas elas, muito carregadas de emoção. Foi assim que sobreviveu. Escrevendo e lendo. Redigia a vida que gostaria de ter, um dia. Socializar, com seu parco Q.E. seria, ainda nem sabia, um desafio e tanto.
Hoje, inicio uma série que dificilmente será compreendida por alguém que nunca tenha sido encarcerado: As poesias adolescentes. Um passado, redivivo e passado definitivamente a limpo. Essa pessoa, não existe mais. Suas lágrimas, teceram em torno de si  um casulo do qual, emergiu uma borboleta, que acostumada ao escuro, buscava em cada fresta, uma réstia de luz. Mas as poesias, textos, ficaram, e também fazem parte da história. Por isso, depois de muito tempo, estão aqui.

Por Cris V.

Comuns

Não curta, não comente, nem compartilhe! Se acha que é balela, simplesmente nem dê trela. Eu não vou me calar porque você toma o que eu digo como algo pessoal!
Ainda assim, se as bobagens que escrevo te fizerem questionar e repensar por um segundo, já valeu! Se não, esqueça! Essas são as minhas reflexões. Não lhe dizem respeito. E eu te respeito, não cito nomes. Não é sobre você. Nem é sobre a gente. É sobre gente. Gente que erra, tentando acertar. Gente que tenta.
Ademais, se uma história pode ajudar, que tem isso de mais? A minha história, a sua história, a história de cada um de nós está sendo escrita na mesma pagina em branco da História. No senso comum. Se entrelaçam. Não tente negar.
Queiramos ou não, nosso pensamento só é nosso, da boca pra dentro (até que desenvolvamos a telepatia, daí, não mais). Da boca pra fora, todos os pensamentos são coletivos. São iguais. Não pertencem mais a a gente. Pertencem à gente. À humanidade em geral.
Ninguém jamais saberá quem foi o autor de uma história como a sua, a minha. Os grandes heróis quase não tem mais espaço em nossos dias. Não há mais uma pessoa a quem caiba mudar a historia. Essa tarefa, hoje, cabe a cada um de nós.
Não se sinta em exposição. Afinal nos expomos todos os dias nas vitrines das redes sociais. Nos consultórios, nas academias, salas de aula. Nos expomos todos os dias, nas aventuras amorosas da vida. Nas baladas. Nas bebedeiras. E nem nos damos conta, não é? No outro dia, só ressaca! O que foi feito, foi feito, e ninguém mais fala a respeito.
É assim com todo mundo. Você é só mais um. Quem nunca errou, seja o primeiro a contestar! Inevitável! Somos um poço de erros, em busca do acerto ao final. Somos um poço de duvidas em busca do conhecimento. Somos um bando de cegos a procura de luz.
Então não se sinta culpado. Não é sobre você ou eu. É sobre todos nós, seres humanos, falhos. Cosmos individuais em disputa com as demandas da espécie.
Nesse ponto, sinto lhe informar, mas você não é especial. É apenas mais um, como eu e todos os outros. Coletivo. Comum.
Os erros são idênticos. E ficaram para trás. Agora, meu caro, vamos ser diferentes, e buscar o acerto afinal!
Por Cris Vaccarezza

O que há em mim. E, (é claro) o muito que me falta.

Quer saber, cansei! Cansei de esperar por alguém que não comprou bilhete pra embarcar em minha história.  Cansei de esperar que alguém desembainhe sua espada e se ponha em minha frente para lutar contra a solidão. Não! Não preciso de um arremedo de companhia!
Preciso de reciprocidade, de intimidade. De companhia só, não! Sou só! Não! Sou feliz sozinha. O que me incomoda é a falta. Não a sua. A falta da consideração. Ando sem saco pra mesmice. Pra gente que marca e não aparece. Pra gene que fala e não cumpre. Pra gente que escreve e não lê. Pra gente formal. Ando sem saco pra fazer sala. Me refugiando na distância. Preciso de silêncio, pra ouvir meus pensamentos.
Preciso entender a menina que mora em mim. Preciso encarar, algo em mim simplesmente não se enquadra em multidão. Não sou Maria vai com as outras. Já tentei me enturmar, juro. Ir, conforme a maré. Deixar a vida me levar. Mas sou chata, tacanha! Não consigo ser normal, padrão.
Tenho gostos esquisitos. Valorizo coisas que a maioria considera idiota. Gosto de coisas simples. De lembranças pequenas, quase sem valor monetário. De gente que ri de si mesmo. Perco tempo lendo coisas que ninguém lê. Ouço músicas que ninguém entende. Depressivas, dizem. Não pra mim!
Além do mais, tenho um defeito imperdoável: Teimo em só me dar de verdade, com calor, com vontade. Teimo em só me dar com intimidade. Já tentei me emprestar por aí, mas não dá. Não posso fingir pra mim mesma. Não posso viver de agradar. Quero reciprocidade, lembra? E isso é inaceitável em nossos tempos modernos, tão descartáveis, tão superficiais.
Muitas vezes prefiro engolir sapo a provocar uma briga. E foram muitos sapos. Quase uma lagoa inteira. Mas aí, de repente, uma fagulha de nada e…bum! Minha paciência vai pelos ares! Fecha o tempo, desce a trovoada e a atmosfera pesa por breves 15 segundos. Sou assim.
Então, de algum lugar, um lapso de razão me faz compreender o quanto estou sendo ridícula  Cena boba, imatura e infantil e volto a ser cordata, como antes. Razão não há. Motivo também, talvez não. Tampouco rancor. Não, isso certamente não há.
O que há é uma menina loba. O que há é uma menina boba. O que resta é uma menina tola, sensível e de paz, no corpo de uma mulher cansada de guerrear por algo em que nem sequer, acredita.
Não, eu não tenho tanta pressa. Por hora, fico aqui na estação. Jamais perdi o trem. Ele é que se atrasou. Por hora, me bastam a companhia dos lendários, imagináveis e idealizados heróis de tinta e papel. Vou ficando por aqui…
Por Cris Vaccarezza